Inquietude

Era ali. E não tinha mais nada a não ser coragem. Nu aos olhos do mundo. O móbil era escasso , e traduzia-se numa acção fria e desajustada. O caminhar trôpego e cambaleante era rotina. Mas nunca parar havia sido motivo de ponderação. 

Sem sapatos, experimentava o calor do alcatrão de Agosto. E lembrava que tudo o que estava para trás, tinha sido muito mais difícil. Não eram os meros 80° que o breu sugeria que travariam o ímpeto. Num correr constante, era a dor o aliado que motivava a procura das sombras escassas e inconsistentes das árvores raquiticas e pobres de folhagem. Austero consolo para quem a inquietação não permitia a demora no  humilde oásis. Nada sustém quem almeja a vitória no final da odisseia. Nada prende o sonho de um homem livre. Por mais fortes que se demonstrem as amarras. A privação da liberdade física afeta apenas os pobres de espírito. É o sonho que avança destravado por caminhos sinuosos e realiza. O que solta o homem não está no corpo. É a força da alma que define quem escolhe ser.

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