Gnus

 Escondi-me. Onde tudo parece seguro. Dentro . Na sombra do ser. Enrolado a um canto, a espera de nada. Porque não há nada para esperar. Costumava sentir saudade do tempo em que tudo se espera. Em que a curiosidade era suficiente para alimentar a vontade de seguir a estrada. A curiosidade foi-se. Assim como qualquer tipo de propulsor. A cor da humanidade esbateu e assumi que a gregariedade da  espécie, não assenta nos princípios que inicialmente pensei. Desisti de acreditar no amor ao próximo, no respeito mútuo ou até na tão simples e banal empatia. À semelhança das outras espécies que também atuam em manada, só interessa a sobrevivência individual. E nada mais. A vivência em grupo é apenas um ato egocêntrico de reduzir a probabilidade de ser  próxima presa. Temos no entanto um acréscimo de desprezibilidade em relação ao outros animais que assim vivem: Nós raciocinamos. E deveria ser mais fácil e lógico pensar em proteger o grupo, dada esta capacidade. Mas ao invés de utilizar este "super poder" para esse fim, aplica-mo-lo no sentido inverso. Na verdade não interessa quantos pares é preciso esborrachar em prol do bem estar individual. Há até os que sentem algum prazer quando conseguem fazê-lo. A troco de quase nada. Apenas por uma grandeza imediata e mesquinha que apenas divide esta espécie de "gnus raciocinantes" e, consequentemente, faz de cada um um alvo mais fácil, pela falta de união. Somos simultaneamente presas e predadores dentro da mesma colônia. E este facto cria uma incerteza generalizada por nunca se saber de onde vem a estucada final. O medo é constante e o pânico generalizado. Há uma "ratice pequena" que não olha a meios para atingir os fins. Que faz com que cada um marre indiscriminadamente nos que o rodeiam em vez de olhar para a ameaça. Obrigado humanidade. 

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