Entre o caos e a desordem
Entre o caos e a desordem, voo a direito ,sem tremer. Há chamas que ardem em redor, escombros por todo o lado. Ouvem-se gritos deslocalizados. Vou dando a mão a quem a estica e puxo para fora. Não posso fazer mais. Cabe a quem sai dos escombros erguer-se e voar também sobre o mundo perdido fazendo o melhor que conseguir. A sério. Também lá estive preso nos destroços do meu ser. Depois de sair achei possível mudar o curso dos rios e terraplanar as montanhas no meu caminho. Achei que tudo em meu redor estava errado. Felizmente abri os olhos a tempo, e aprendi a fluir com a água corrente e a contornar os obstáculos sem desconstruir nada nem ninguém. Só a mim. Tirei as pedras que tinha pousadas nas pálpebras e as correntes que me seguravam os pés. E caminhei em frente, sem medo até as asas da liberdade surgirem. Os dias não têm que ser um castigo. O último segundo não volta e o próximo ainda não chegou, neste exato momento que vivemos. E cada um que perdemos a olhar para trás, retira-nos a possibilidade de viver o seguinte. A couraça cresce e reforça durante a viagem. O escudo é feito de desilusões e tem quinas afiadas. Desimagine-se quem pensa descansar encostado a ele. Mas o mundo gira na mesma. E existem breves momentos, em que sobra tempo para rir. À gargalhada, como uma criança pura. Sem ser pela crua e ensonsa necessidade de demonstrar aos outros que o sabemos fazer. Quando todas as tranvincas da resignação caem por terra, os monstros esfumam-se e os olhos abrem. A gargalhada torna-se novamente limpa e cheia do seu significado inicial: a alegria. O resto não importa.
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