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A mostrar mensagens de dezembro, 2022

Esperança

 Amor de sobra. Não existe amor demais. Nem de sobra sequer. Existe amor. E ponto final. Há anos que não lhe encontro descrição. Há mundos inteiros que não lhe vejo explicação. Simplesmente é. Não uso a palavra há muito. Não por não a saber. Nem por temer a sua força. Mas sim porque o desafio está em o dizer sem o dizer. Em ser mais do que mostrar. A montra é curta e quadrada. O amor não cabe lá. É irregular na forma e incomensurável na medida. Às vezes parece escassear. Mas não. Está só escondido a descansar. E  se lá estiver volta de surpresa. Sem travões. É facilmente confundido com outros tantos semelhantes, feitos para nos iludir. São mais fáceis de encarar porque são pouco profundos e mais pequenos. Por vezes trabalham em conjunto com ele mas nunca o substituem. Procuram apenas o seu apoio para se engrandecer. Nunca a paixão, o desejo e a ilusão conseguirão tomar o seu lugar.  Mas ele como  que os ama por ser quem é, e  perdoa-lhes por não saber lidar de o...

4

Queria que hoje fosse só mais um dia. Como os outros 4 de dezembro que me esqueci que dia era. Mais um dia que iria trabalhar, e quando voltasse, meio atrasado pela azáfama, teria um pequeno mar de gente á minha volta que faria questão de me lembrar que é tempo de comemorar a vitória que de ter passado mais um ano onde pertenço.  Porque é isso que se deve comemorar. Rever o que passou e ficar feliz por ter aguentado o barco mais em mais uma viagem. Tão simples quanto isso. Deixei de embarcar em  carreirismos vagos e ocos. Cheios de vitórias que não me pertencem nem nunca pertencerão. Cheios da hipocrisia dos sorrisos. Carregados de vidas enlatadas que se resignam ás decisões tomadas na inocência da juventude. A vida deve viver-se onde nos sentimos bem. Onde sentimos pertencer. Não é a cenoura na ponta da cana que nos deve fazer andar. Porque se olharmos para ela sem o eufemismo que a soberba nos põe nos olhos, vemos só uma cenoura, que tal como todas as cenouras, com o passar ...

Gnus

 Escondi-me. Onde tudo parece seguro. Dentro . Na sombra do ser. Enrolado a um canto, a espera de nada. Porque não há nada para esperar. Costumava sentir saudade do tempo em que tudo se espera. Em que a curiosidade era suficiente para alimentar a vontade de seguir a estrada. A curiosidade foi-se. Assim como qualquer tipo de propulsor. A cor da humanidade esbateu e assumi que a gregariedade da  espécie, não assenta nos princípios que inicialmente pensei. Desisti de acreditar no amor ao próximo, no respeito mútuo ou até na tão simples e banal empatia. À semelhança das outras espécies que também atuam em manada, só interessa a sobrevivência individual. E nada mais. A vivência em grupo é apenas um ato egocêntrico de reduzir a probabilidade de ser  próxima presa. Temos no entanto um acréscimo de desprezibilidade em relação ao outros animais que assim vivem: Nós raciocinamos. E deveria ser mais fácil e lógico pensar em proteger o grupo, dada esta capacidade. Mas ao invés de uti...